História do Anglicanismo
Dos Primórdios até a Idade Média
As raízes da Igreja Anglicana estão na primitiva igreja cristã surgida na Inglaterra desde os tempos dos Pais da Igreja. Foram eles que disseminaram a mensagem do evangelho aos mais diferentes e longínquos lugares do mundo. Um desses lugares foram as Ilhas Britânicas, onde o Cristianismo chegou por volta do final do segundo e início do terceiro séculos da era cristã. Ali, se desenvolveu de maneira local e independente (a chamada Igreja Celta). No final do século VI, um grupo de 40 monges, chefiados por Santo Agostinho de Cantuária, chegou ao Reino de Kent – localizado no atual Sul da Inglaterra – para converter os anglo-saxões. Ao chegar lá, ele foi recebido por cristãos celtas da Igreja de São Martinho (a qual recebeu esse nome em homenagem a São Martinho de Tours), em Cantuária.
![Cruz celta](http://www.ieab.org.br/img/celta.jpg)
As raízes da Igreja Anglicana estão na primitiva igreja cristã surgida na Inglaterra desde os tempos dos Pais da Igreja. Foram eles que disseminaram a mensagem do evangelho aos mais diferentes e longínquos lugares do mundo. Um desses lugares foram as Ilhas Britânicas, onde o Cristianismo chegou por volta do final do segundo e início do terceiro séculos da era cristã. Ali, se desenvolveu de maneira local e independente (a chamada Igreja Celta). No final do século VI, um grupo de 40 monges, chefiados por Santo Agostinho de Cantuária, chegou ao Reino de Kent – localizado no atual Sul da Inglaterra – para converter os anglo-saxões. Ao chegar lá, ele foi recebido por cristãos celtas da Igreja de São Martinho (a qual recebeu esse nome em homenagem a São Martinho de Tours), em Cantuária.
![Cruz celta](http://www.ieab.org.br/img/celta.jpg)
A
Igreja Celta tinha simplesmente evitado as heresias cristológicas dos
séculos IV e V, que foram sedimentadas no Concílio de Nicéia, Efeso e
Calcedônia. Em 603 d. C., Santo Agostinho chamou representantes da
Igreja Celta numa tentativa de convencê-los a se submeter às práticas e
disciplinas romanas, mas eles se recusaram. Santo Agostinho morreu em
605, mas a questão das diferenças entre a Igreja Britânica e a Igreja
Romana continuou sendo motivo de controvérsias. Finalmente em 664, em
Whitby, na Nortúmbria, a questão foi resolvida em Concílio, por votação,
e através do decreto do rei Oswy.
A obra missionária iniciada por
Santo Agostinho foi consolidada por Teodoro de Tarso, monge grego que
foi enviado pelo Papa em 669 para tornar-se o sucessor de Agostinho como
o segundo Arcebispo de Cantuária. Ele foi enviado para remover as
características peculiares do cristianismo céltico e convocar o primeiro
Sínodo nacional da Igreja na Inglaterra: O Concílio de Hertford (673).
Durante
toda a Idade Média a Igreja Inglesa estava submetida à Igreja Romana. A
Inglaterra, como os demais países da Europa, fazia parte e dava
sustento ao sistema papal vigente, contudo devido à distância que a
separava de Roma, desenvolveu-se desde muito cedo uma Igreja com
características estatais e nacionalistas. A Igreja na Inglaterra sempre
reclamou a sua independência histórica, e mesmo que durante 850 anos
ela tenha sido nominalmente romana, a sua relação com o papado sempre
foi conflituosa. Henrique VIII apenas separou a igreja autônoma que lá
existia da tutela de Roma.
Variabilidade Litúrgica e Teológica
A
reforma inglesa do século XVI havia produzido três partidos ou
tendências na Igreja da Inglaterra: o Broad Church Party (igreja ampla),
o High Church Party (igreja alta) e o Low Church Party (igreja baixa).
Variabilidade Litúrgica e Teológica
![Igreja anglo-católica (São Clemente, Filadélfia - EUA)](http://www.ieab.org.br/img/high_church.jpg)
A
igreja alta foi revigorada no século XIX pelo Movimento de Oxford. Os
anglo-católicos ou ritualistas usavam no culto público o uso de
imagens, velas, crucifixo, incenso, água benta, invocação a Maria e aos
santos, confissão auricular, monasticismo e celibato.
![Igreja evangélica (Catedral da Santíssima Trindade, Recife)](http://www.ieab.org.br/img/low_church.jpg)
![Igreja evangélica (Catedral da Santíssima Trindade, Recife)](http://www.ieab.org.br/img/low_church.jpg)
A
igreja baixa primava pela simplicidade do cerimonial litúrgico. Os
anglo-evangélicos foram os grandes responsáveis pelo reavivamento
evangélico na Inglaterra e em outros países, com forte preocupação
missionária.
A igreja ampla era, de início, um grupo minoritário,
mas muito influente devido às suas posições moderadas. Sempre foram o
fiel da balança entre o ritualismo anglo-católico e o despojamento
evangélico. Hoje, pode-se dizer que boa parte de nossas paróquias
enquadra-se na igreja ampla, permitindo o uso moderado de crucifixos,
vestes litúrgicas, incenso, velas e demais paramentos.
O
Anglicanismo também é caracterizado por sua flexibilidade teológica.
Por ser uma igreja não-confessional, é permitido aos anglicanos
discordar em assuntos não-essenciais de nossa fé, descrita nos credos
históricos. Também não possuímos um teólogo de vulto ou grande
reformador, centrado no qual traçamos nossa teologia.
Pelo
contrário, lançamos mão do que escreveram grandes homens e mulheres
cristãos, não necessariamente anglicanos, ao longo da história da
Igreja.
![Paróquia de São João (São Paulo)](http://www.ieab.org.br/img/broad_church.jpg)
O chamado tripé Escritura-Tradição-Razão é o cerne do modo
de se fazer teologia anglicano. Simboliza que esses três elementos
devem estar em equilíbrio constante, a fim de perceber o que o Espírito
Santo está a dizer para a Igreja.
Uma Família de Igrejas Autônomas
Com
a colonização da América, a a Igreja da Inglaterra (ou Igreja
Anglicana) foi estabelecida em muitas colônias como a Igreja Estatal.
Depois que os Estados Unidos se tornaram independentes, a Igreja
Anglicana naquele país se tornou uma denominação livre do poder civil,
criando dioceses, paróquias e instituições, e tomando o nome de Igreja
Episcopal dos Estados Unidos. Uma dessas instituições foi o Seminário
Teológico de Virgínia, de onde vieram os missionários que estabeleceram a
Igreja Episcopal Anglicana no Brasil em 1890.
Uma Família de Igrejas Autônomas
![Reunião dos Primazes da Comunhão Anglicana](http://www.ieab.org.br/img/primazes.jpg)
A Igreja Episcopal
Anglicana do Brasil faz parte da Comunhão Anglicana, uma família de
igrejas anglicanas e episcopais em comunhão histórica com a Igreja da
Inglaterra e especificamente com a Sé de Cantuária. A palavra anglicana,
antes de significar inglês, representa uma grande família cristã
internacional. Tal comunhão foi formada pelo desmembramento de
trabalhos missionários e ex-colônias do mundo britânico, formando 44
igrejas nacionais ou regionais ao redor do mundo, compreendendo mais de
160 países. Com cerca de 80 milhões de membros, a Comunhão Anglicana é a
terceira maior denominação cristã do mundo, depois da Igreja Católica
Romana e das Igrejas Ortodoxas.
Há atualmente três Instrumentos de Comunhão para a Comunhão Anglicana:
A Conferência de Lambeth, que se reúne a cada 10 anos, e é um ponto de encontro para os bispos da Comunhão Anglicana. Seu primeiro encontro foi em 1867.
![Arcebispo de Cantuária, Sua Graça Rowan Williams](http://www.ieab.org.br/img/abp_canterbury.jpg)
A Conferência de Lambeth, que se reúne a cada 10 anos, e é um ponto de encontro para os bispos da Comunhão Anglicana. Seu primeiro encontro foi em 1867.
![Arcebispo de Cantuária, Sua Graça Rowan Williams](http://www.ieab.org.br/img/abp_canterbury.jpg)
Os
Encontros dos Primazes são reuniões regulares para os arcebispos e
bispos primazes das 38 províncias, os quais se reuniram pela primeira
vez em 1979.
O Conselho Consultivo Anglicano se reúne a cada 3
anos aproximadamente, e inclui bispos, clérigos e leigos, como membros
selecionados pelas 38 províncias da Comunhão Anglicana. Reuniu-se pela
primeira vez em 1971.
O Arcebispo de Cantuária é o Foco para a
Unidade desses três Instrumentos de Comunhão e é, conseqüentemente, um
foco único de unidade anglicana. Ele conclama a Conferência de Lambeth
uma vez a cada década, encabeça o Encontro dos Primazes e é o presidente
do Conselho Consultivo Anglicano. O Reverendíssimo Justin Welby é o
105o Arcebispo de Cantuária.
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Texto
adaptado dos artigos “Apontamentos de História da IEAB”, do Rev. Oswaldo
Kickhofel e “Reforma Anglicana”, de Gecionny Pinto, e do site da
Comunhão Anglicana.
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